"Não vamos voltar atrás". Kamala Harris aceita nomeação democrata para "traçar um novo caminho"

por Andreia Martins - RTP
Foto: Kevin Lamarque - Reuters

Kamala Harris aceitou esta sexta-feira a nomeação democrata no final da convenção do partido, tornando-se a candidata oficial do Partido Democrata às eleições presidenciais de 5 de novembro. Num discurso de 40 minutos, a candidata alertou para os perigos de uma reeleição de Donald Trump e prometeu lutar pela classe média e o respeito pelo Estado de Direito. No plano internacional, garantiu que vai continuar "ao lado da Ucrânia e da NATO" e que continua a lutar por um cessar-fogo em Gaza.

Um mês depois de Joe Biden ter abdicado da candidatura à presidência dos Estados Unidos, o Partido Democrático entronizou a atual vice-presidente Kamala Harris como candidata oficial às eleições presidenciais.

No derradeiro discurso da convenção democrata, que decorreu nos últimos dias em Chicago, Harris lembrou a história pessoal e familiar para fundamentar a candidatura à Casa Branca. Falou sobretudo na mãe e na defesa dos direitos civis, mas também no seu currículo como procuradora."Todos têm direito à segurança e à dignidade", vincou, recordando como a história de uma colega de escola vítima de abuso sexual foi um das motivações para a escolha de carreira.

Tal como nas últimas semanas, Kamala Harris colocou-se do lado da justiça, em contraste com o adversário republicano. Prometeu que será "a presidente de todos os americanos e americanas (...) acima de partidos e interesses pessoais".

Kamala Harris reiterou ainda o respeito pelo Estado de Direito e eleições livres no país, recordando neste ponto os acontecimentos de 6 de janeiro de 2021. "Donald Trump tentou deitar fora os vossos votos", assinalou a candidata, acusando o ex-presidente de ter mobilizado uma multidão contra o Capitólio, colocando em perigo representantes eleitos pelo povo norte-americano.

"Não vamos voltar atrás" tem sido uma das frases fortes da curta campanha e foi repetida hoje várias vezes ao longo do discurso. Harris elencou ainda os vários aspetos em que, na sua visão, a reeleição de Donald Trump representaria um retrocesso para o país.

"Estamos a preparar um novo caminho em frente, um futuro com uma classe média forte que tem sido fundamental para o sucesso dos EUA". Prometeu um corte de impostos para a classe média que irá beneficiar mais de 100 milhões de norte-americanos, sem adiantar mais pormenores. 

E aqui lançou mais uma farpa contra Trump: "Ele não luta pela classe média, luta por ele próprio e pelos amigos", acusou.

Outro dos temas centrais da campanha de Harris, o aborto, também foi lembrado nesta intervenção. A candidata democrata assumiu que quer "restaurar a liberdade reprodutiva" e alertou que esta, como outras liberdades, estão em causa nesta eleição.
Cândida Pinto e Ricardo Guerreiro - correspondentes da RTP nos Estados Unidos

Harris centrou-se, por fim, na política externa. Colocando-se novamente em contraste com Donald Trump, garantiu que permanecerá "ao lado da Ucrânia e da NATO".

Em relaçáo a Gaza, um dos temas mais complicados para esta campanha democrata, a atual vice-presidente dos Estados Unidos assegurou: "Estamos a trabalhar 24 horas por dia para conseguir um acordo de cessar-fogo". 

Reconheceu, por um lado, o "direito de Israel se defender", mas prometeu continuar a trabalhar tanto pela libertação dos reféns como pela "dignidade, segurança, liberdade e auto-determinação" do povo palestiniano.

Ainda no plano internacional, deixou outra garantia: "Nunca estarei ao lado de ditadores e tiranos como Kim Jong-un", asseverou. Há cerca de um mês, na convenção republicana, Donald Trump afirmava que se entendia com o líder norte-coreano. "Acho que ele tem saudades minhas", disse na altura.

No derradeiro distanciamento em relação ao ex-presidente, Harris prometeu não vacilar na defesa dos ideias norte-americanos e afirmou que "os ditadores" do mundo "estão a torcer por Trump" na eleição de 5 de novembro.
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